terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A ESTRUTURA DO SIGNO DE CAPRICÓRNIO VI


O planeta Saturno. Fonte: Calvin Observatory.

Integridade Pessoal

No solstício de inverno, a tendência para a ação coletiva e para a socialização de sentimentos e de pensamentos atinge o seu ápice. A civilização – isto é, a organização de generalidades e de valores universais – triunfa. Ela é exaltada no cidadão comum dos vastos organismos sociais – cidades, estados e confederações – em que as mentes e as raças se fundem e as culturas separadas se perdem.

A civilização promove a padronização e a satisfação dos desejos, impulsos e interesses comuns à maioria dos homens. A universalidade de pensamento e de comportamento que possa haver é obtida à custa de uma indiferença voltada para as distinções e contrastes que estimulam o caráter e o uso de poderes criativos, ou mesmo à custa de uma eficiente supressão dessas distinções e desses contrastes. A natureza transferível de todos os valores civilizados, bem que ajustando-os teoricamente a todas as pessoas e a todas as épocas, impregna os produtos da civilização com o sentimentalismo desenxabido das canções populares e dos filmes cinematográficos.

Com o solstício de inverno, o signo zodiacal de Capricórnio tem início. Ele é tradicionalmente um símbolo de ação política: mas também testemunha o nascimento de Cristo. Em termos do simbolismo zodiacal, a ordem “psicomental” tem sua origem no solstício de verão e no signo de Câncer, governado pela Lua; a ordem “espiritual” segue-se durante o período do Natal desde o signo de Capricórnio. Ambos os tipos de atividade operam durante todo o ano, mas com graus de intensidade variáveis e compensatórios. Da mesma forma, em cada um dos doze tipos da “natureza humana”, definidos pelas características básicas dos doze signos do zodíaco, vemos que os traços suscitados pelo espírito e psicoativos interatuam, e de maneiras contrastantes buscam expressão mais exterior no comportamento orgânico ou social.

O homem, em seu ser psicomental, está incessantemente lutando rumo a formas de organização mais inclusivas; entretanto, à medida que o faz, ele sempre abarca muito mais do que consegue efetivamente assimilar e integrar, e torna-se vítima das energias despertadas de suas profundezas ainda indiferenciadas ou por longo tempo reprimidas. A organização torna-se grande, sobrecarregada de generalizações intelectuais e de regulações padronizadas. Ela absorve massas de elementos que só superficialmente correspondem ao ritmo integrador da mente organizadora. Para contestá-los, mais regras, mais generalidades, mais fórmulas são produzidas, que não se aplicam a nada em particular porque precisam aplicar-se a tudo em geral. A elite governante ultraconsciente perde o contato real com as massas sem raízes, sublevadas e reivindicatórias, mas fundamentalmente inconscientes; ao desassossego destas últimas, aquela não pode dar nenhuma solução vital e realmente integradora – só paliativos.

Esse é então o momento do maior desafio ao espírito. Um novo logos, Uma nova “palavra de virtude”, um novo sentido criativo, uma nova qualidade de humanidade deve ser projetada no caos fervilhante daquelas partes da natureza humana e da sociedade que não podem se tornar efetivamente integradas pela “forma de vida” ultra-expandida e ultrageneralizada que coletivamente constitui o estado do império universal. O espírito deve atuar como um novo impulso e impregnar as massas com um organismo desintegrador. Ela precisa estabelecer um novo ritmo, uma nova era; e, para tanto, precisa incorporar-se naquelas poucas porções da natureza humana – naqueles poucos indivíduos que vivem na sociedade ultracivilizada – que possam responder a essa descida de poder e visão fecundantes. Cristo e seus seguidores nascem no Império Romano dos Césares.


Hoje, o mundo do homem representa, uma vez mais, um caos de culturas e de entidades políticas e religiosas em processo de desintegração. A mentalidade anglo-americana – com suas raízes europeias e particularmente francesas – tem produzido um estilo de vida, uma espécie típica de estrutura política (uma Constituição universalmente copiada, etc.), um modelo democrático de direitos e de cultura. No entanto, essa mentalidade e seus produtos não têm, em si mesmos, o poder de integrar o atual caos que prevalece em todo o mundo. A integração, que precisa se tornar global nos séculos ainda por vir, só pode se originar por um ato do criativo espírito divino, por um novo logos que enfoque uma nova potencialidade do Homem, ativando novas faculdades.

O fato de ser isto sempre e eternamente assim é a grande lição que a humanidade, e particularmente o tipo humano individual de Capricórnio, têm que aprender. Capricórnio simboliza o estágio de maturidade das formas sociais de vida coletiva, o produto último da mente humana que alcançou pleno desenvolvimento – e o imperialismo, mitigado ou não, inevitavelmente associado com a maturidade de um indivíduo – através de expansão, generalização, padronização, legislação e racionalização coletivas (todas essas, características de Sagitário). Em Capricórnio, a tendência que se iniciou com Câncer, e foi pressentida nos signos vernais do zodíaco, alcança sua mais plena expressão.

O Império Romano é o símbolo tradicional do cumprimento dessa tendência. Todo tipo de homem capricorniano abriga em si um César Augusto – se não um Nero! – em potencial. Dentro dele esconde-se a máquina política romana de procônsules e o poder das legiões romanas buscando sujeitar um mundo bárbaro e em desintegração – o passado e o porvir.

A todo capricorniano e a seus conflitos pode surgir, na noite de sua alma, um Cristo – a luz que, ela só, integra o caos do mundo. Esse dom do espírito, esse Cristo-logos, representa a resposta essencial à necessidade de uma humanidade cega pela adoração da maior e mais eficiente máquina política, estado ou estrutura federal que a civilização pode produzir em qualquer tempo. Entretanto, por muito cego que esteja, o homem continua ansiando em suas profundezas por aquilo que nenhum modelo de organização social e nenhuma sociedade planejada pode oferecer: a compreensão clara por parte de todo indivíduo, e dentro de cada indivíduo, de sua identidade essencial.

Essa fé é uma ilusão. As instituições por si sós não levarão à Europa, à Asia – e, como recentemente temos tido que entender, a nós próprios americanos –, a paz e a felicidade criativa que os homens necessitam desesperadamente, porque elas não podem fazer isto. O que é preciso é uma nova difusão do espírito, um novo despertar do poder espiritual da integridade pessoal dentro dos corações de um número incontável de indivíduos, uma recusa contagiante a confiar em fórmulas ou em instituições, ou em quaisquer sistemas de pensamento e em quaisquer modelos tradicionais. É certo que há sistemas de vida e processos sociais que permitirão, mais que outros, a expressão mais exterior e coletiva do espírito da integridade pessoal. Todos os homens devem estudar e assimilar esses sistemas. Nunca devem tê-los como coisa líquida e certa.

O homem é um fabricante de formas. Mas essas formas são prisões, sem o poder animador do espírito. Elas podem compelir; mas não integrarão. Elas podem destruir o passado decadente – como uma bomba atômica, Hiroshima, cidade de luxúria e decadência política. Elas não podem insuflar a vida de amanhã em culturas marcadas pelo anacronismo. Nossa fé não deve ser colocada em processos ou em instituições; mas sim no contágio espiritual de nosso exemplo. As nações farão da democracia um grande bem, na proporção em que criarem suas próprias formas de viver e se recusarem a aceitar as nossas; e elas procurarão avidamente emular nossa democracia, na medida em que nós próprios vivamos a democracia em termos de integridade e responsabilidade pessoal.

Tríptico Astrológico, D. R.

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