quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O ESPAÇO DO SIGNO DE AQUÁRIO IV



O símbolo da cor Gris

A cor cinzenta ou gris, composta, em partes iguais, de preto e de branco, designaria, na simbologia cristã, e segundo F. Portal, a ressurreição dos mortos. Os artistas da Idade Média, acrescenta esse autor, dão ao Cristo um manto gris quando ele preside ao Juízo Final.

Na genética das cores, parece que é o cinzento que é percebido em primeiro lugar. E é ele que fica para o homem no centro de sua esfera de cores. O recém-nascido vive no gris. No mesmo gris que vemos quando fechamos os olhos, mesmo na escuridão total. A partir do dia em que a criança abre os olhos, todas as cores a envolvem mais e mais.

A criança toma conhecimento do mundo da cor no curso dos seus três primeiros anos. Habituada ao cinza, identifica-se com o cinza. Quando se encontra no meio de outros seres e objetos, seu gris se torna o centro do mundo da cor, seu ponto de referência. Ela compreende que tudo o que vê é cor. A predominância da cor no mundo das formas explica o mimetismo no mundo animal e a camuflagem no mundo dos homens.

O homem é cinzento em meio a um mundo cromático, representado pela analogia com a esfera celeste na esfera cromática. O homem é o produto dos sexos opostos e se encontra situado no gris central, entre cores complementares, que formam uma esfera cromática harmônica, pois todos os pares de contracores se acham num equilíbrio perfeito. A imagem imperfeita nessa esfera cromática pode ser concretizada por um ato material.

O homem procurou sempre concretizar as cores perfeitas que ele imagina e vê nos seus sonhos. Tem necessidade da cor e da contracor, justamente por ser o meio gris entre todas as cores complementares, entre o azul e o amarelo, o verde e o vermelho, o branco e o preto, as passagens de uma a outra e dos inumeráveis pares de contracores que têm, invariavelmente, no meio deles, o gris mediano.

O homem consciente, no centro do mundo da cor, da esfera cromática perfeita, ideal, onde se encontram as cores reais e irreais em perfeito equilíbrio, o homem sente que se encontra em um campo de forças cromáticas extremamente poderosas, no meio desse espaço tridimensional de pares de contracores e, ao mesmo tempo, no meio de um outro espaço semelhante ao primeiro, mas sem equilíbrio, em que todas as cores, numa esfera cromática homogênea, são repartidas regularmente. Esse conjunto de duas esferas é vivo, porque dotado de pulsação. É a pulsação do homem no centro gris mediano.

A atitude do homem no centro gris muda segundo as condições do seu caráter e da sua vida. Ele encontra, na zona circular que contém as doze tonalidades principais, os quatro tons absolutos e seus intermediários, um reflexo muito sensível do Zodíaco. Cada um se volta, então, inconscientemente, para a região cromática à qual pertence, sua cor de predileção. Grupos de homens, povos inteiros, podem voltar-se em conformidade com isso e encontrar uma atitude semelhante ao centro gris. A cor se torna significativa para o homem, para os povos, e mesmo, talvez, para a humanidade, de maneira irracional e imprevisível.

Eletricidade. Fonte: Value Invest Asia.

O simbolismo do Homem

O homem não deixou de a si mesmo se conceber como símbolo também. Em inúmeras tradições, desde as mais primitivas, ele é descrito como síntese do mundo, modelo reduzido do universo, microcosmo.

Ocupa o centro do mundo dos símbolos. Diversos autores, dos sábios dos Upanixades aos teólogos cristãos e aos alquimistas assinalaram as analogias e as correspondências entre os elementos do composto humano e os elementos que compõem o universo, entre os princípios que governam os movimentos do homem e os que regem o universo.

No Atharva-Veda, o homem das origens, como uma espécie de Atlas, a carregar o mundo, é considerado um pilar do cosmo, que tem por missão principal escorar o Céu e a Terra, constantemente ameaçados de dissociar-se e desintegrar-se. O homem é, assim, centro e princípio de unidade, e se identifica, finalmente, com o princípio supremo.

Para os chineses, toda individualidade humana é um complexo e corresponde a uma determinada combinação de elementos. Os componentes não são jamais concebidos, nem como unicamente espirituais nem como unicamente corporais. Toda natureza é, então, o produto de uma certa dosagem e de uma combinação mais ou menos harmoniosa.

O homem é espírito e carne. Mas existem seres chamados homens que são privados de espírito, sentem-se à vontade num mundo afastado de Deus e não sofrem de qualquer nostalgia transcendental.

O gnóstico Basílides se propõe a seguinte questão: serão eles homens no sentido verdadeiro da palavra? Basílides nega-o categoricamente. Basílides fala em tom profético de um tempo por vir no qual não haverá mais homens espirituais mas apenas e exclusivamente ignorantes, que rejeitarão tudo o que diz respeito ao espírito. Cada um se contentará com o mundo em que vive, e ninguém se interessará pela vida eterna. Nesse momento, se um homem falar de vida espiritual será tão ridicularizado quanto um peixe que quisesse pastar com os carneiros no alto da montanha. Quando essa ignorância se espalhar pela terra, não haverá mais busca nem anseios no plano espiritual. O mundo ficará de todo privado da nostalgia do espiritual.

Tal é, segundo Basílides, o fim do homem espírito e carne. Para ele, dia virá em que o homem será unicamente de carne. Nesse caso, ele corre o risco de perder a sua imortalidade.

Dicionário de Símbolos, J. C. & A. G.

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